Biografia de Charles Darwin
Naturalista Britânico, inicia estudos de Medicina e de Tecnologia mas em 1831 mudou-se para Cambridge, disposto a tornar-se num sacerdote angelicano mas ficou amigo do botânico John Stevens Henslow com quem aprofundou conhecimentos em Botânica, Entomologia e Geologia.
Henslow conseguiu incluir Darwin como naturalista numa expedição ao redor do globo no navio Beagle, que deixou Davenport em 27 de Dezembro de 1831 rumo à América do Sul. Foram quatro anos e nove meses de pesquisas. Ele juntou fósseis, amostras geológicas, observou milhares de espécies vegetais e animais, erupções vulcânicas e terramotos.
Em 1859 publica o livro “Sobre o Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural ou a Conservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida”, conhecido hoje apenas como “A Origem das Espécies”, em que aprofunda a sua teoria sobre a descendência do homem e do macaco de um antepassado comum.
O impacto desta obra é imediata e sensacional. O público culto já está introduzido na concepção da evolução, mas o facto de um cientista respeitado contribuir com tal quantidade de evidências para provar esta ideia revolucionária convence um grande número de cientistas importantes, de modo que, por muito oponente que tenha, a opinião geral torna-se favorável.
Pela Selecção Natural, as condições ambientais determinam quando uma determinada característica ajuda na sobrevivência e na reprodução de um ser vivo. Aqueles com características mais eficientes para se adaptar o seu meio ambiente geram mais filhos e os outros podem morrer antes de se produzirem. O conceito de que só os fortes sobreviverem, porém, é um erro comum. Por exemplo, conforme as condições um animal muito robusto pode demandar mais alimento e ter menos hipóteses do que um outro mais ágil.
Embora os cientistas tenham concluído que Darwin estava certo, a polémica permanece até hoje nos meios filosóficos e religiosos.
Fulminado por um ataque cardíaco em 19 de Abril de 1882, foi enterrado na abadia de Westminster por solicitação expressa do Parlamento inglês.
Darwinismo
Em 1858, Darwin explicou o mecanismo da evolução das espécies considerando alguns aspectos:
a) Os seres vivos da mesma espécie apresentam variações entre si – Variabilidade intra-específica:
· Verificou que havia uma grande variedade de seres vivos e que existe variabilidade dentro de cada espécie;
· A observação de indivíduos diferentes, pertencentes à mesma espécie, permitiu deduzir que apesar de terem origem comum evoluíram de modo diferente.
b) Existe, entre os seres vivos uma Luta pela Sobrevivência pelo que alguns indivíduos em cada geração serão eliminados, devido à competição pelo alimento, espaço, habitat, fuga dos predadores;
· Leu o livro “Ensaio Sobre a População” do economista inglês, Thomas Malthus, defensor de uma teoria pessimista sobre a evolução da população humana – Malthusianismo.
· Segundo esta teoria, a população humana tende a crescer exponencialmente, enquanto os recursos, neste caso, os alimentos crescem aritmeticamente;
· Esta relação leva a um excedente populacional e á escassez de alimentos, ocorrendo uma selecção natural, condicionada pela fome e doença;
· A selecção promoveria a eliminação dos indivíduos com menos recursos;
· A população humana cresceria segundo uma curva sigmóide (em s). Após um período de crescimento exponencial, ocorre uma fase de desaceleração do crescimento, levando á estabilização do crescimento populacional;
· Darwin transpôs esta teoria economista para as populações naturais e deduz que os seres vivos competem entre si pelos recursos naturais. O défice em recursos cria uma luta pela sobrevivência implicando a eliminação de indivíduos e a posterior estabilização da população.
c) Nesta luta pela sobrevivência sobrevivem os que estiverem mais bem adaptados a um determinado meio, isto é, os que possuem Características mais Aptas àquele meio, sendo os restantes eliminados progressivamente.
d) Existe Selecção Natural, processo que ocorre na Natureza e através do qual, só os indivíduos mais bem adaptados a determinadas condições ambientais sobrevivem.
· A selecção das características é feita pelo ambiente (abiótico ou biótico);
· Os indivíduos escolhidos para a reprodução são aqueles que apresentam as melhores aptidões para sobreviverem em determinado meio;
· É um processo muito lento.
e) Os indivíduos que sobrevivem, ao reproduzirem-se, transmitem essa característica mais apta à descendência – Transmissão da Característica mais apta à Descendência.
· É de salientar que o conceito “mais apto” é um conceito relativo e temporário. É relativo pois uma característica pode ser favorável a uma população e desfavorável a outra. É temporário pois as condições do meio podem mudar e nessa altura as características mais favoráveis podem deixar de o ser.
f) A acumulação de pequenas variações a longo prazo determina a transformação e o aparecimento de novas espécies.
g) Dados geológicos
· A leitura do livro “Princípios de Geologia” de Charles Lyell e a análise de fósseis marinhos nos Andes, a centenas de metros acima do mar, convertem Darwin à Teoria do Uniformitarismo.
· Segundo esta teoria, os fenómenos geológicos actuaram ao longo da história da Terra de forma lenta e gradual, e o presente é a chave do passado.
· Influenciado pela Teoria do Uniformitarismo e pelo Princípio das Causas Actuais, deduziu que:
è Se a Terra sofre alterações lentas e graduais ao longo do tempo geológico, também a vida se terá modificado com o tempo;
è Se a Terra possui uma idade superior ao que se pensava então teria havido o tempo necessário para que tenha ocorrido a evolução dos seres vivos.
h) Dados Biogeográficos
· Darwin verifica que nas ilhas Galápagos existe uma grande diversidade de tentilhões, semelhantes entre si e semelhantes a outros que existiam no continente americano. Verificou a mesma situação para as tartarugas.
Deduz que:
è Todas as espécies de tentilhões e de tartarugas, divergiram de uma espécie comum e foram as condições particulares de cada ilha que condicionaram a evolução de cada espécie.
è A diferenciação das espécies relacionava-se com as condições ambientais a que estavam sujeitas.
Na evolução divergente ou divergência evolutiva verifica-se que seres que possuem o mesmo ancestral comum, ocuparam habitats ou nichos ecológicos diferentes, adaptando-se de forma diferente, a diferentes ambiente.
Ou seja:
Se existe um ancestral comum, um plano estrutural comum e se na actualidade são diferentes (morfológica e funcionalmente) é porque através do tempo se afastaram.
Evolução Divergente – a partir de um ancestral comum, formaram-se duas novas espécies.
Evolução Convergente – é um fenómeno evolutivo observado em seres vivos quando estes desenvolvem características semelhantes de origens diferentes.
Radiação Adaptativa – a partir de um ancestral comum, formaram-se simultaneamente numerosas novas espécies.
i) Selecção Artificial
· É uma técnica utilizada pelo Homem para apuramento de raças, animais ou vegetais;
· Consiste em promover cruzamentos preferenciais entre indivíduos portadores das características desejadas pelo Homem;
· Desta maneira, assegura que a frequência das características seleccionadas aumente progressivamente de geração em geração, conduz ao aparecimento de variedades novas e possivelmente ao fim de muitas gerações, a novas espécies;
· Baseia-se na sua experiência com pombos, o que lhe permitiu tirar algumas conclusões sobre a forma como a Natureza pode actuar sobre os organismos vivos;
· Efectuou cruzamentos seleccionados entre os pombos de forma a obter as características pretendidas, de tal forma que ao longo das sucessivas gerações obteve descendências diferentes dos progenitores.
è Se o Homem consegue seleccionar os indivíduos com as características que pretende (selecção artificial) então também a Natureza é capaz de actuar sobre os organismos vivos de tal forma que selecciona apenas os mais aptos que sobreviverão em determinado meio (selecção natural).
Criticas ao Darwinismo
Revelou-se uma teoria incompleta porque:
è Não consegue explicar o porquê da variabilidade intra-específica;
è Não consegue explicar o modo como se processa a transmissão das características mais aptas à descendência.
Estas críticas só com o evoluir dos conhecimentos científicos foram colmatadas.
Neodarwinismo
De 1930 até 1952, cientistas como Doldnansky, Mayrs e Simpsoh reuniram dados de diferentes descobertas e reformularam as teorias de Darwin.
O Neodarwinismo explica a evolução das populações baseando-se nos seguintes dados:
- Numa população existe variabilidade entre os indivíduos que a compõem, isto é, os indivíduos são portadores de diferentes conjuntos de alelos dos mesmos genes;
- A variabilidade na população resulta das mutações e da recombinação genica (meiose e fecundação);
- A selecção natural actua sobre os indivíduos, favorece os que são portadores dos melhores conjuntos de alelos, que viverão mais tempo e, como tal, reproduzir-se-ão mais facilmente;
- Os alelos codificadores das melhores características terão maior probabilidade de serem transmitidos à geração seguinte;
- Na geração seguinte, a frequência dos alelos responsáveis por características mais vantajosas tenderá a aumentar, enquanto que a frequência dos alelos responsáveis por características menos vantajosas tenderá a diminuir;
- Assim, de modo lento e gradual, as populações tenderão a evoluir, modificando o seu reservatório genético (conjunto de alelos de uma população e respectivas frequências).
Documentário sobre Charles Darwin e a Árvore da Vida (Odisseia)
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